*Conteúdo autorizado pelo Museu da Pessoa
Hélio Reale é filho de um imigrante italiano que veio ao Brasil porque tinha um membro da família que era pároco e trabalhava no litoral norte. Foi na Ilhabela que seu pai decidiu criar a família. Hélio cresceu com seus irmãos na Ilha, entre a vila e Castelhanos, que quando não tinha calçamento, chegava-se depois de quatro horas de caminhada.
Hélio conta como era nadar no canal de São Sebastião e como era as atividades nas terras da família: lavoura de banana e engenho de cana-de-açúcar. Hélio narra que foi sorteado para servir o exército na época da guerra mas logo foi liberado e dali trabalhou 15 anos numa empresa de São Paulo, de onde só saiu quando a empresa decidiu mudar para Guarulhos. Daí, Hélio, já com sua esposa, voltou para a Ilha, onde estabeleceu sua família e seguiu na lavoura.
Meu nome completo é Helio Reale. Nasci dia 25 de novembro de 24, data de nascimento. Nasci na Ilhabela, mesmo. Aqui no centro. Meu pai era italiano, meu pai veio para o cá para Ilha com 12 anos de idade, porque o tio dele era padre aqui, padre aqui na região. Ubatuba (SP), Caraguatatuba (SP), São Sebastião (SP) e Ilhabela, nas quatro paróquias. Aqui ficou, conheceu minha mãe, casaram e aqui fizeram a vida deles até falecerem, os dois.
Meu pai era italiano, tinha propriedade aqui na Ilha, tinha fábrica de pinga lá em Castelhanos. Castelhanos é um lugar atrás da Ilha. Ele tinha fazenda lá com produção de banana, produção de cana e fábrica de pinga, né? Favorita.
Eu sou filho daqui da Ilha. Sou nascido e criado aqui. Eu me sinto bem aqui. Vivi muito tempo em São Paulo, né, quando eu era moleque, eu fui sorteado para o Exército, do Exército, eu não vim mais para cá para a Ilha, eu fui para São Paulo e em São Paulo, eu fui trabalhar numa firma SKS do Brasil, e lá eu trabalhei 15 anos. Depois, conheci minha senhora até hoje, nós casamos e viemos para cá. E aqui estamos até hoje.
Eu tenho quatro filhas, não tenho filho homem, tenho quatro filhas mulheres, são as quatro casadas, tenho os netos, tenho parece que oito netos. Bom, eu quando voltei pra cá, nós tínhamos uma propriedade lá atrás da Ilha, em Castelhanos, uma fábrica de pinga, engenho de cachaça e nós fabricávamos a pinga lá e vendia toda. Então, a atividade era essa. Engarrafar pinga, rotular toda e depois, entregar no comércio, vender. Essa era a atividade.
Nós fazíamos as duas coisas junto, né? Nós tínhamos a produção da banana, tínhamos os bananais que produziam e tínhamos a produção da cana, o engenho. Eu trabalhei com banana muito tempo. Eu tinha caminhão, levava banana pra São Paulo. Carregava… plantava, carregava o caminhão e levava para São Paulo. Mas nós já tinha freguês certo lá para entregar, chegava lá o caminhão, entregava a banana, pesava o caminhão, entregava a banana e vinha embora.
Banana não precisa ter muita ciência, não, é só ter a terra, plantar as mudas e tratar, não deixar as mudas tomarem conta. Roçar, limpar, sempre. Estando limpo pra não, para a mata não tomar conta. Se a mata tomar conta dele, ela não vai pra frente, não produz. Mais fácil é tratar, roçar bem roçadinho, tratadinho para ela produzir bem.
Engraçado, eu sempre digo, eu formei minhas quatro filhas vendendo banana (risos). Vendendo banana eu eduquei minhas filhas, todas as quatro formadas vendendo banana em São Paulo. Hoje, são todas as quatro casadas, cada uma tem a sua família, tem a sua vida. Haja banana (risos). Dá trabalho, mas compensa, né? Vender banana… cultivar dá muito trabalho, mas compensa.
Foi bom [contar], porque a gente lembra um pouco o passado, né? O passado, sempre vai esquecendo, né, vai esquecendo muita coisa do passado e é bom porque a gente relembra um pouco, né? A gente relembra o passado bastante, porque a vida parece que fica mais monótona, né, mas é bom.
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