Por Edson Souza — Biografia
O COVID-19 (SARS-CoV-2) foi identificado pela primeira vez em humanos em dezembro de 2019 em Wuhan, China. Pesquisas apontam que o vírus seja de origem animal. O primeiro surto causou uma pandemia global, resultando em 676.609.955 casos confirmados e 6.881.955 mortes em todo o mundo — dados até 10 de março de 2023.
Essa fase popularizou as palavras “pandemia” e “isolamento” em todo o mundo, porém, vamos pensar em algo relacionado ao passado de Ilhabela, quando desde 1900 elas já eram comuns no universo caiçara.
Antes que o município de Ilhabela tivesse um hospital ou posto de saúde para atender a população, as epidemias de varíola e gripe espanhola fizeram algumas vítimas, levando à instalação de cemitérios (hoje fechados) em áreas isoladas na cidade.
*NOTA — “Vila” é o bairro (Centro) e “Formosa” era o nome da ilha antes de ser oficialmente “Ilhabela” em 1944.
Nas condições de caos da época, os vereadores aprovaram
projetos que possibilitassem o bem-estar da população. Com isso, todas as
canoas que chegavam à ilha, inclusive as pertencentes a moradores, tiveram que
desembarcar nos pontos onde foram montados os postos para inspeções. Portanto,
todos os cuidados tiveram que ser tomados para evitar a propagação do vírus.
*NOTA — As balsas que fazem a travessia entre
Ilhabela e São Sebastião surgiram em 1959. Antes disso, as canoas eram o
principal meio de transporte para a ilha. A quantidade de canoas no mar era
enorme, então epidemias matavam muitos moradores, porque nem todos passavam
pela inspeção, e controlar o movimento era um grande desafio para o legislador
da época.
*NOTA — A câmara exercia dois poderes na cidade
(legislativo e administrativo). O presidente da casa de leis era empossado
automaticamente como prefeito de Ilhabela. Só em 1930 que estas funções foram
desmembradas — surgindo à prefeitura — e em 1953 esse setor ganhou prédio
próprio. Posteriormente, passou a prevalecer o cargo de prefeito por
popularidade (eleições locais) e o de presidente por voto popular.
Abaixo destacamos alguns pontos do livro de atas
da Câmara Municipal de Ilhabela, mantendo a grafia incorreta da época.
A ata menciona “canoas vindas de Santos” e relembra um período econômico de Ilhabela, quando o caiçara levava produtos produzidos na ilha para comercializar na cidade de Santos, onde a epidemia de varíola aumentava. Foi construída uma estação de desinfecção na zona sul da ilha, onde se situava a antiga fortaleza (entre as praias do Portinho e da Feiticeira). O segundo ponto ficava na praia/bairro do Saco da Capela, na altura da atual escola de vela.
Naquela época, alguns caiçaras de comunidades tradicionais iam direto de Santos para suas casas na parte leste da ilha, onde não havia inspeção. O vírus se espalhou fazendo dezenas de vítimas naquela região. Joaquim Epaminondas Garcia de Oliveira foi prefeito e vereador da ilha de 1908 a 1910. Auxiliado pelo chefe da polícia (de São Sebastião) e dava instruções ao inspetor do Quarteirão (funcionário contratado pela Câmara de Ilhabela).
A câmara arrecadava impostos sobre canoas, produção de cachaça e propriedades; para a criação do fundo de investimento da cidade. Em 1918, o prefeito Pedro de Paula Moraes usou parte dessa renda para ajudar os enfermos. Naquela época, a medicina não tinha respostas para combater a gripe espanhola, para a qual não foi desenvolvida uma vacina até a década de 1930, mas eles tentaram confortar os doentes de acordo com os meios disponíveis na época.
Já
em 1937, os vereadores da câmara começaram a discutir a criação de postos de
saúde da cidade, mas foi só em 1942 que o prefeito Paulo Barbosa Ribeiro
conseguiu adquirir um terreno junto à Cúria da diocese de Santos e dessa iniciativa
nasceu a Santa Casa de Misericórdia de Formosa, fundada em dois de setembro de
1943.
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