Reportagem: Edson Souza
Diretamente do túnel do tempo de Ilhabela, chegamos a 1993, gestão administrativa de Roberto Fazzini, quando havia "feiras livres" em dois bairros da cidade; aos sábados na Vila (ao lado do antigo colégio Gabriel Ribeiro) e aos domingos na Barra Velha (Avenida Princesa Isabel). O tradicional evento juntava produtores e consumidores num ambiente animado e concorrido com uma variedade de produtos frescos e de grande qualidade, vindos diretamente dos campos e das hortas.
O ambiente da feira era conhecido por sua atmosfera animada e acolhedora. Barracas decoradas, vendedores com voz própria chamando a atenção dos clientes com jargões – “são três por dez, dona Maria! Vamos comprar, vamos comprar' – essa interação entre fornecedores e consumidores criou uma atmosfera única para o evento.
A feira livre mostrou a importância da economia local e do comércio justo. Ao comprar produtos diretamente dos produtores, o consumidor participava da geração de empregos e do fortalecimento da economia local. Na época, foi uma oportunidade de conhecer a origem dos alimentos e estabelecer contato direto com seus produtores.
O negócio começou com oito pontos de venda na Ilhabela, mas em 1995 já havia 17 estandes na feira. Embora ocorresse nos sábados na Vila, o movimento se popularizou na Barra Velha, quando acontecia nas manhãs de domingo. A equipe de trânsito fechava com cones o acesso a Avenida Princesa Isabel, na altura do número 2647 (Mercado Ilha da Princesa) até a Praça Alan Kardec.
O evento começava às 7h e terminava por volta do meio-dia, quando os feirantes desmontavam suas tendas cobertas com lona e se recolhiam, deixando as sobras do que não foi vendido em caixas de madeira para os fregueses levarem para os animais ou reaproveitar numa salada.
Após a feira, os empreendedores com apoio do serviço público municipal, deixavam tudo limpo e em questão de minutos a Avenida Princesa Isabel já estava liberada para o fluxo.
Por volta de 1996, a participação na feira livre de Ilhabela começou a diminuir devido à saída dos comerciantes. Na Barra Velha, o número de barracas caiu para oito em 1995 e, em 1996, eram apenas quatro (pastel, roupas, acessórios, frutas e verduras). Essas quatro tendas resistiram nas manhãs de domingo perto da Praça Alan Kardec, sem que a equipe do Trânsito precisasse fechar a via principal para que elas acontecessem.
O mercado convencional em Ilhabela contribuiu para o desaparecimento das feiras livres no bairro de Barra Velha. Os mercados ampliaram suas áreas de vendas e ofereceram variedades de frutas e verduras com preços favoráveis. As feiras foram ficando para trás, terminando por volta de 1997.
A tenda de brinquedos continha bolinhas de gude, bichinhos virtuais (Tamagotchi), bonecos Playmobil e Power Rangers, minijogos portáteis, jogo aquático (aquaplay), piões de madeira, ioiôs, dominó de plástico, baralho, jogo de pesca, pega vareta, vai-e-vem, peteca, mola maluca, amoeba... Foi uma era interativa de brinquedos, onde as crianças se reuniam com mais frequência para se divertir com amigos e familiares, em vez das distrações de um mundo moderno cheio de dispositivos em rede.
Algumas barracas de pasteis funcionam até hoje, aos sábados de manhã na Vila e nos dias de semana na Praça Alan Kardec, mantendo viva a lembrança da época das barracas coloridas montadas no calçamento de pedras.
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