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17/10/23

A Praça Lambert Wolf no Bairro do Itaguaçu em Ilhabela

 Por Edson Souza 

Itaguaçu é uma palavra tupi que significa (Pedra Grande), por isso é escrita com “Ç” em vez de “SS”.  A pedreira que lhe deu o nome hoje é conhecida na ilha como “Morro” da Cruz.


LAMBERT WOLF

Em 12 de setembro de 1901, nasceu em Goesting, na Áustria, o filho de Franz e Juliana, o pequeno Lambert Wolf.

Aos 24 anos, o austríaco deixou seu país e foi para o Brasil, chegando ao porto de Santos (06.11.1925). Lambert Wolf permaneceu na cidade trabalhando como soldador e mecânico até que um dia ajudou um dinamarquês que passava e se apresentou ao jovem como Reymar Von Bulow.

Reymar convidou Lambert para trabalhar na Fazenda Garapocaia, localizada na Praia das Pedras do Sino, na chamada Villa Bella (atual Ilhabela).

Em 1928, Reymar e sua esposa, hospedaram em sua casa uma linda moça de origem alemã chamada Martha. Ela, que passava as férias na ilha, casou-se com Lambert Wolf. O casamento ocorreu na cidade de São Sebastião (19 de junho de 1928) e o jovem casal foi morar na Fazenda Garapocaia com consentimento dos proprietários.

A Casa na Vila
Entrada
Martha Wolf
Contrato da Casa
Recibo de Pagamento
Carta Pós Guerra














Mais tarde, em 1935, Martha e Lambert compraram a casa de Antônio Dias de oliveira, na vila — Centro Histórico de Ilhabela — localizada na Rua da Padroeira n40. Neste endereço, os amigos passaram a chamá-lo de “Lamberto”.

Pela manhã, o austríaco seguia para a Fazenda Garapocaia, onde cuidava dos jardins e da orla da Praia das Pedras do Sino. Foi ele quem plantou dezenas de coqueiros que cresceram naquela área verde… A autora Maria Stella Bergo Rodriguez descreve essas atividades no livro “Memória da Mata de Ilhabela”, publicado (1998).

DUAS GUERRAS DUAS VITÓRIAS

Durante a revolução de 1932, alguns moradores de Ilhabela saíram da Vila por causa da guerra. Getúlio Vargas estacionou na ilha parte das forças que atacaram os inimigos em São Paulo.

Três frágeis flutuantes foram construídos na Praia de Pequeá para descansar os hidroaviões do governo. O apoio naval culminou na ampliação da área arborizada ao longo da praia, criando uma pista de pouso que deu origem ao antigo “Campo de Aviação” que hoje lembramos.

Na Vila, o exército arrombou e ocupou a casa de Lambert e Martha, o que a deixou em péssimo estado. O casal Wolf encontrou refúgio nos Castelhanos, no lado leste da ilha, e regressou após o fim da guerra. Seus amigos o aconselharam a exigir indenização do governo pelos danos causados ​​à sua propriedade. Lambert oficiou o embaixador da Áustria, anexando a lista dos prejuízos que sofreu, para que este escritório solicitasse junto ao governo brasileiro a sua indenização (que nunca ocorreu). 

Durante a Segunda Guerra Mundial, em meados da década de 1940, Lambert foi forçado a deixar a cidade de Ilhabela pela Superintendente de Segurança Política e Social, por causa de sua nacionalidade. Retornou a São Paulo para trabalhar como mecânico, e somente em 1945, o austríaco pôde retornar à ilha para recomeçar sua vida.

O BOM SAMARITANO

Voltando para Ilhabela, Lambert recuperou os anos que lhe haviam sido tirados e, com o apoio da esposa Martha Wolf, voltou para a casa que compraram na Rua da Padroeira.

Com as obras realizadas na propriedade, ele doou as pedras que tirou de seu terreno para a prefeitura local, que com elas construíram os muros na beira da praia da Vila.

Lambert foi membro fundador do Esporte Clube de Ilhabela (1952), cujo presidente era o então prefeito Giorgio Storace. Com mais uma doação à cidade, cedeu parte de seu terreno à prefeitura, onde foi construída a estrada de acesso à Santa Casa de Misericórdia — Rua Padre Bronislau Cherek.

Ressaltamos que esta doação não foi atualizada no cadastro imobiliário e o austríaco pagou IPTU pela rua pertencente à prefeitura.

Em 1974, ele e a esposa, Martha Wolf, foram para São Paulo, onde assinaram registro de estrangeiro no departamento de imigração da cidade, o que lhes garantiu permanência permanente no país.

Edson Souza e Arthur Carlos de Freitas do Arquivo Ilhabela

O CAIÇARA AUSTRÍACO
HOMENAGEM DA CÂMARA MUNICIPAL

Em reconhecimento aos serviços prestados a cidade de Ilhabela, a Câmara Municipal, na Lei núm. 02/79, de 26 de março de 1979, concedeu o “Título de Cidadão Caiçara de Ilhabela” a Lambert Wolf.

A feliz propositura foi de autoria do nobre vereador, Antônio Bosco dos Reis. O certificado de honra foi assinado pelo primeiro secretário Gílson Tangerino Francisconi e pelo presidente do Legislativo Antônio Cornélio de Morais Filho.

A PRAÇA LAMBERT WOLF

Em (11.10.1991), com aprovação da Câmara de vereadores, que o então prefeito de Ilhabela, Eurípedes da Silva Ferreira, no uso de suas atribuições, sancionou o projeto de lei n° 41/91, permitindo a denominação de logradouro público no município.

Foi assim que surgiu a “Praça Lambert Wolf”, localizada às margens da Avenida Almirante Tamandaré, na Praia do Itaguaçú; homenagem ao austríaco falecido em 29 de setembro de 1984.

Nesse mesmo ano, uma carta assinada pelo vereador Manoel Marcos de Jesus Ferreira foi enviada à esposa de Lambert, Martha Wolf, informando-a da decisão da Câmara.

Convite da Câmara
Logradouro Público
Oficio a Martha
Praça em 1919
Praça em 2019
Sobrinhas do Lambert

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