Por Edson Souza
Memórias de Ilhabela — Raríssima foto da canoa ‘Vencedora’, compartilhada por Alexandre Camilo dos Santos (ano estimado em 1998).
Conhecida como “Vencedora” em Ilhabela, a canoa foi utilizada pelo engenho da Praia do Jabaquara até o início do século XX, quando foi comprada por Bungoro Naka, que chegou ao Brasil em maio de 1908 e se dedicou intensamente à pesca. No entanto, ele a doou para seu genro “Kenzou Imakawa”, que construiu uma das maiores salgas de peixe da ilha.
A canoa “Vencedora” foi herdada por Renato Kengo Imakawa — filho de Kenzou e neto de Bungoro Naka. Um pescador de origem japonesa que doou a peça ao município de Ilhabela em 1998, cuja administração contratou os serviços do mestre canoeiro Antônio Rafael de Souza (1918 – 2008) para restaurá-la, deixando-a exposta na Praça Coronel Julião (Vila).
Por causa das depredações, em 2009 o símbolo da cultura caiçara foi retirado da praça e transferido para um jardim próximo à antiga Cadeia e Fórum da Vila. O novo local foi decidido para protegê-lo. Em 2017, a canoa foi levada para a Praia de Santa Teresa.
Em 2018, a canoa foi reformada no centro de apoio ao pescador artesanal. A obra foi executada pelo carpinteiro naval Marco Antônio Rafael de Souza — filho do saudoso Antônio Rafael — auxiliado por Marco Antônio Júnior (Juninho). No mesmo ano, a canoa voltou à Praça da Vila para exposição.
Mais uma vez a “Vencedora” entrou em fase de destruição, pois, os visitantes não só “apreciaram” a obra, como também entraram na canoa para tirar fotos, deixando para trás objetos e restos de comida. Some-se a isso a exposição à chuva e ao sol, que levou ao apodrecimento da madeira.
Em agosto de 2021, a canoa retornou ao centro de apoio aos pescadores artesanais sob os cuidados de Marco Rafael de Souza, Marco Antônio Júnior (Juninho), Amílton Rafael e Nilo Mathias. O trabalho em equipe resultou, novamente, na recuperação da “Vencedora”.
Para celebrar o trabalho dos artistas, eles navegaram com ela na tarde de sexta-feira (05/11/2021) — momentos captados pelas lentes de Arthur Carlos de Freitas, que acompanha as façanhas de Marco Rafael de Souza na lendária canoa desde 2018.
Finalmente,
em setembro de 2021, a canoa foi levada para o Parque Fazenda Engenho d’Água,
onde permanece exposta ao público.
Texto:
Edson Souza
Acervo:
Alexandre Camilo dos Santos
Colaborou:
Arthur Carlos de Freitas
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