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08/10/24

Centoversi per Ilhabela: Salvator D'anna

 Reportagem Edson Souza 

O CAMINHO PERCORRIDO

Em 1968, o italiano Salvator D'anna esteve no litoral norte de SP / Brasil, onde escreveu um livro chamado “Centoversi per Ilhabela”, ou seja, “Cem Versos Para Ilhabela”. Na época, foram impressos 100 exemplares deste livro (edição especial) e outras 400 edições normais. Atualmente, os exemplares existentes estão arquivados em acervos bibliotecários na Itália.

O jornalista Edson Souza do Arquivo Ilhabela® tomou conhecimento deste livro em 2016, iniciando desde então uma peregrinação para descobrir uma forma de resgatar esse trabalho para o acervo local. Assim, contatamos a Librari Beni Ecclesiastici na Itália que nos indicou para a Biblioteca Francescana di Palermo. Lá existe um cadastro do livro no acervo, no entanto, só é permitida a consulta com hora agendada. 

Tentamos uma cópia digitalizada, mas segundo o staff: — “o serviço digital stato sospeso dalla Direzione”. Palermo nos sugeriu buscar nas seguintes repartições  — Biblioteca Nazionale Centrale “Vittorio Emanuele II” e na Biblioteca Nazionale Centrale di Firenze — depois de muitas justificativas e alguns Euros, finalmente conseguimos a relíquia.

Em novembro de 2024, cadastramos o livro físico na biblioteca particular do Arquivo Ilhabela®, onde foi digitalizado para preservação e traduzido para português para futuras consultas.

O AUTOR: SALVATOR D'ANNA

Salvator D'Anna é um poeta italiano que, embora não tenha alcançado a mesma notoriedade que alguns de seus contemporâneos, deixou uma marca significativa na literatura italiana do século XX. Nascido em uma pequena cidade italiana, sua vida foi marcada por experiências que moldaram sua sensibilidade poética e sua visão de mundo.

Desde jovem, D'Anna demonstrou um talento natural para a escrita, influenciado por poetas clássicos e pela rica tradição literária italiana. Sua obra é caracterizada por uma profunda reflexão sobre a condição humana, a natureza e as relações sociais, utilizando uma linguagem lírica e evocativa.

Durante sua carreira, D'Anna publicou diversas coletâneas de poemas, muitas das quais abordam temas como amor, perda e a busca por significado em um mundo muitas vezes caótico. Seu estilo é frequentemente descrito como intimista e emocional, convidando o leitor a uma introspecção profunda.

Além de sua poesia, D'Anna também se destacou como ensaísta e crítico literário, contribuindo para o debate cultural e artístico de sua época. Sua influência se estende a novos poetas, que encontram em sua obra uma fonte de inspiração e reflexão.

Embora a sua fama possa não ser tão ampla quanto a de outros escritores italianos, Salvator D'Anna permanece uma figura respeitada e admirada dentro de círculos literários, e sua contribuição à poesia italiana é reconhecida por aqueles que buscam compreender a complexidade da experiência humana através da arte.

Edson Souza

O LIVRO: CENTOVERSI PER ILHABELA

Nas palavras de Enzo Cupertino, o trabalho apresenta uma visão primorosamente dialética da vida, com todas as suas implicações, que permitiu a Salvator D'Anna, em contato com a realidade cotidiana brasileira, expressasse uma confissão e nos presenteasse com uma bela canção.

Brasil: um subcontinente onde predominam os pássaros e as cobras, onde milhões de homens de diferentes linhagens entrelaçam há vários séculos os seus destinos com uma liberdade e uma crueldade que tem poucos paralelos no resto do mundo; e onde todos os brasileiros concordam no “samba”.

Salvator D'Anna, como europeu de civilização antiga, não procurou a alma do Brasil no “samba”, no carnaval do Rio de Janeiro, nem nas regiões nordestinas, nem mesmo na ’novíssima’ Brasília, mas em Ilhabela, entre cavalos pastando livremente, em caminhos traçados pelos escravizados, na esteira de uma tradição cristã mal assimilada porque foi mal vivenciada.

E em Ilhabela, o poeta despoja-se de todos os sinais de civilização, de todas as memórias, rompe consigo mesmo e com o mundo, recupera uma nudez de criatura que se torna canto.

A composição começa lentamente, pontuada por descrições que não tocam o coração, mas depois, através do travo da negritude e do drama do cristianismo brasileiro, a canção impacta. A memória da mãe serve de intermediário entre ele e o novo mundo, atua como catalisador e permite ao autor voar em asas de luz num temperamento de autêntica poesia, até ao fim.

Italiano
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FICHA DO LIVRO

Este livro foi impresso na gráfica TEA de Palermo em abril de 1968, por encomenda e com o acordo das Edições I.L.A. Palma. Os desenhos foram retirados do volume sobre a obra gráfica de Paul Klee, publicado pelo editor Karl Flinker (Paris, 1954), com impressão de Giuseppe Curreri.

► Título original: Centoversi per Ilhabela 
► Tradução: Cem Versos Para Ilhabela
► Autor: Salvator D'Anna 
► Ano de Publicação: 1968
► Desenhos: Paul Klee 
► Design gráfico e layout: Gigi Fazzi
► Palma editorial Palermo, São Paulo 

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