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23/11/24

Arnaldo Adami de Ilhabela Siriúba São Paulo

Reportagem Edson Souza  — Apoio Supermercado Frade

Participação Edson Lobo — Colaborou Fernando Stickel

Arnaldo Adami e Clara Grasso Adami 

“Um boné e um cachimbo! O velho lobo do mar”

Arnaldo Adami foi um empresário com destaque em Ilhabela, uma das mais belas localidades turísticas do Brasil. Com uma visão empreendedora e um forte compromisso com a comunidade local, ele se notabilizou no setor de hotelaria e turismo, desempenhando um papel fundamental no crescimento econômico da região. 

Ele foi casado com Clara Grasso Adami e tiveram duas filhas, Adriana e Cláudia, que chegaram ainda muito pequenas a Ilhabela. Essa mudança representou um novo capítulo para a família, que se adaptou rapidamente ao ritmo calo e à beleza do lugar. Embora a vida na ilha fosse simples, ela foi repleta de desafios, principalmente em um momento onde o turismo estava começando a se expandir e as infraestruturas da cidade ainda estavam em desenvolvimento. 

O casal fundou o "Siriúba Hotel", um dos primeiros empreendimentos que ajudou a consolidar o turismo em Ilhabela. Com trabalho árduo e dedicação de Clara e Arnaldo, o hotel se tornou um marco de hospitalidade na ilha, ajudando a moldar o caráter acolhedor e familiar da comunidade local.      

Durante os anos de 1968 a 1969, sob a administração do prefeito Geraldo Procópio da Cunha Junqueira, Arnaldo foi proprietário dos primeiros ônibus de transporte coletivo da ilha, que operavam em linhas regulares, com ele mesmo ao volante.

Ele realizou as primeiras rotas, transportando também os habitantes locais para outras cidades como Paraibuna. Entretanto, em uma dessas viagens, ele sofreu um grave acidente ao trocar um pneu do veículo, resultando em ferimentos sérios em uma de suas pernas.

Esse ocorrido o impossibilitou de continuar como motorista, levando-o a vender seus ônibus para a administração pública municipal, sob a responsabilidade do novo governo da época, Eurípedes da Silva Ferreira — que assumiu a cidade em 1970, após o falecimento de Geraldo Junqueira.

Nesse ano, o Yacht Club de Ilhabela estava passando por um processo de expansão, com Mário Volcoff liderando as obras. A associação estava prestes a receber uma segunda garagem náutica, além de uma estrutura provisória que serviria como bar nos arredores da sede.

Para coordenar esse novo projeto, Volcoff confiou a Arnaldo Adami a missão de conduzir aquele seguimento. Como era de se esperar, o empresário não teve dificuldade alguma em transformar o espaço em um local acolhedor.

Em meados de 1974, com o apoio da família, Arnaldo iniciou uma nova etapa em sua carreira, inaugurando o “Siriúba Hotel”, localizado na praia e no bairro homônimo. Além da sede situada na Avenida Leonardo Reale, haviam mais seis chalés distribuídos pela natureza local, com dois apartamentos em cada e um bar/lanchonete, no estilo pé na areia, bem defronte a propriedade.

Durante seu tempo à frente do estabelecimento no Yacht Club de Ilhabela, Arnaldo cultivou amizades no meio da vela, o que lhe rendeu contatos valiosos para essa nova fase, pois, agora, no ramo da hotelaria, seu empreendimento passou a atrair visitantes de diversas nacionalidades.

(…) como ele era muito bem relacionado, o Hotel Siriúba era o “consulado argentino” na Ilha; vinham turistas de várias partes do mundo (Reino Unido, França, Uruguai, Austrália, etc), pois, ele entendia muito de veleiros e também a Praia da Siriúba era um excelente atracadouro. — comentou Edson Lobo.

Sua esposa, Clara, não só o ajudava a administrar o hotel; ela também estava presente na vida da comunidade, sendo uma figura de respeito e amizade para muitos. Sua presença foi um marco no atendimento do hotel, tornando-o não apenas um lugar de hospedagem, mas um verdadeiro lar para aqueles que visitavam a ilha.  

Além de sua atuação como empresário, Arnaldo se destacou em diversas iniciativas comunitárias, apoiando projetos que promoviam o bem-estar social e a conservação do meio ambiente. Seu empenho pela ilha e por seus moradores o tornou uma figura admirada por muitos, reforçando sua relevância tanto no âmbito empresarial quanto na comunidade local.

No ano de 1975, a tranquila Ilhabela passou por transformações necessárias e significativas sob a liderança do então prefeito Roberto Fazzini, que iniciou a pavimentação de ruas e a reurbanização de praças e centros municipais. 

Contudo, algumas melhorias enfrentaram a resistência dos conservacionistas, pois, para eles, a beleza natural de Ilhabela já bastava, portanto, era essencial considerar o impacto das ações tanto no ecossistema quanto nas finanças públicas.

(…) ele foi um ‘brigador’ pela Ilhabela! Na época, o prefeito queria asfaltar toda a Ilha. O Arnaldo chegou ir a algumas cidades e conseguiu paralelepípedos de graça, mas o prefeito não aceitou; — disse Edson Lobo: — então ele se juntou com alguns amigos e iniciaram ali uma associação para a preservação da cidade.

Neste grupo formado por Arnaldo estava o ambientalista Fernando Heráclio Silva, ex-dono da Ilha das Cabras, localizada ao sul do município; Ernesto George Diederichsen, residente na Ponta Azeda e ex-diretor de rádio comunicação do Yacht Club Ilhabela; Amorim, entre outros.

Esta associação trabalhou com a finalidade de impedir o desenvolvimento prejudicial à cidade: — menos concreto, mais natureza! Ação que perdurou até o término do mandato de Roberto Fazzini, culminando com a criação do Parque Estadual de Ilhabela (PEIb) em 20 de janeiro de 1977.

Através de suas iniciativas, Arnaldo não só favoreceu a economia local, mas também incentivou outros empreendedores a adotarem uma postura responsável e comprometida com o futuro de Ilhabela.

Em abril de 1978, o presidente do Sindicato de Hotéis e Similares de São Paulo, Waldemar Albien, anunciou à imprensa a fundação da Associação dos Proprietários de Hotéis e Similares de Ilhabela e São Sebastião durante uma cerimônia. A lista foi publicada no afamado jornal “A Tribuna”, de Santos.

A primeira diretoria, da qual Arnaldo fez parte como membro do conselho fiscal, também era composta por empresários de Ilhabela como Carlos Cyrillo do (Hotel Ilhabela) e Luiz Carlos Ribeiro do Hotel São Paulo (Vila).

Entre eles estavam José Garcia Martinez do Restaurante Fandango no Saco da Capela, Whilhelm Gerner (Hotel Mercedes), Gilson Tangerino do Restaurante Totinho (Praia de Santa Teresa) e João de Souza Barbosa do Bar Pedras do Sino (Garapocaia).

Com uma trajetória marcada pela experiência em seu setor e um conhecimento abrangente sobre a cultura e a ilha, Arnaldo Adami se dedicou a fomentar um turismo sustentável, sempre respeitando o meio ambiente e valorizando as tradições locais.

Ele faleceu em 1995 na cidade de São Paulo. Seus negócios também se tornaram célebres na histórica Ilhabela por proporcionarem experiências incomparáveis aos visitantes, unindo conforto e autenticidade.


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