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19/01/25

A Segurança em São Sebastião e Ilhabela no Século XIX: Uma Curiosidade Histórica

 Por Edson Souza / Apoio Supermercado Frade Ilhabela

Hoje em dia, durante a temporada de verão, as cidades litorâneas de São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, recebem reforços policiais para garantir a segurança dos turistas e moradores durante o período de festas e grande movimentação. Com a chegada de milhares de visitantes, a segurança se torna uma prioridade, com um aparato policial considerável para lidar com os desafios da temporada. No entanto, já imaginou como era a segurança nessas mesmas cidades no distante século XIX?

Em 1859, uma curiosa publicação no jornal Correio Paulistano traz à tona um episódio envolvendo a segurança em São Sebastião e Ilhabela, revelando como as condições e os recursos eram bastante diferentes na época. Naquele ano, o delegado de polícia de Villa Bella (hoje Ilhabela) enviou uma solicitação ao governo, pedindo o envio de um pequeno destacamento policial para garantir a ordem na ilha. Em resposta, o presidente da província autorizou a movimentação de policiais, mas de uma maneira que revela a realidade precária do momento.

O ofício de resposta indicava que a cidade de São Sebastião, que até então contava com cinco policiais, teria sua força policial reduzida para três homens. Dessa maneira, dois policiais seriam enviados para reforçar a segurança de Ilhabela, que naquela época contava com um destacamento de apenas um zelador. Esse pequeno número de policiais era o suficiente para cobrir tanto a ilha quanto a cidade de São Sebastião, e o governo, por meio desse ato, estava buscando equilibrar as forças e garantir a ordem em ambos os locais.

Além disso, a situação da prisão na ilha era igualmente singela. A antiga cadeia de Ilhabela, com portas e janelas de madeira, estava longe de oferecer as condições mínimas de segurança. Em um relato pitoresco, soubemos que, ao encarcerar um meliante, o subdelegado da ilha não possuía recursos suficientes para alimentar o prisioneiro. Como solução, ele tirava dinheiro do próprio bolso para garantir o sustento do preso, sendo posteriormente reembolsado pelo governo, por meio de um ofício que autorizava o pagamento da quantia que o subdelegado havia despendido.

Esse episódio, que hoje soa como um paradoxo diante da segurança moderna, revela não só as dificuldades enfrentadas pelas autoridades locais no século XIX, mas também a proximidade e os laços entre as pequenas comunidades e suas administrações. Em tempos em que a estrutura policial era muito mais modesta, a colaboração entre os agentes e a população era essencial para a manutenção da ordem.

O contraste entre a segurança de ontem e a de hoje é notável. Hoje, com uma estrutura de segurança muito mais robusta e uma infraestrutura adequada para lidar com o fluxo intenso de turistas e a complexidade das questões de segurança pública, São Sebastião e Ilhabela se mantêm tranquilas e organizadas, mas é interessante refletir sobre como os tempos mudaram e como a história de cada lugar nos ajuda a compreender o presente. O paradoxo do tempo, afinal, é que, em certos momentos, o avanço traz consigo a memória do que foi superado.

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