Por Edson Souza e Giliard Miguel / Apoio Supermercado Frade
O município de São Sebastião, localizado no litoral norte de São Paulo, celebra com grande devoção o Dia do seu Padroeiro, São Sebastião, no dia 20 de janeiro. Esta data é marcada por uma tradicional procissão que percorre as ruas do centro histórico, uma manifestação de fé e religiosidade que envolve toda a comunidade.
Um dos aspectos mais curiosos dessa celebração é a presença de uma equipe de policiais militares carregando o andor de São Sebastião, em uma homenagem que preserva uma tradição peculiar que remonta ao folclore local, perpetuada especialmente no famoso filme O Dia em que o Santo Pecou, lançado em 1975.
No filme, dirigido por Cláudio Cunha e com roteiro de Benedito Ruy Barbosa, a história é inspirada em um evento real e possui elementos que se entrelaçam com o imaginário popular da cidade. A trama gira em torno do pescador João Baleia, que, ao voltar para casa e encontrar sua esposa atacada por três bandidos, vinga-se dos criminosos, mas acaba ferindo acidentalmente um policial.
Como resposta, a mãe do jovem ferido apela a São Sebastião, pedindo justiça. Em um clima misterioso, João Baleia é encontrado sem vida à porta da igreja, um evento que a comunidade, na época, interpretou como um milagre.
A partir desse incidente, a história toma rumos inusitados: o delegado da cidade decide prender a imagem de São Sebastião, levando-a para a delegacia. Diante disso, o pároco local lidera um movimento popular que exige a devolução do santo à igreja, resultando em um julgamento onde a pena de São Sebastião é alterada para “prisão domiciliar” no altar.
A cada 20 de janeiro, no entanto, São Sebastião é escoltado por policiais durante a procissão, simbolizando que o santo, segundo o folclore local, só pode sair do altar com a vigilância das autoridades, para evitar que “fuja”. Essa peculiar tradição, com raízes no folclore local e na narrativa do filme, permanece viva até hoje.
Em uma conversa com Dorival Saran, um dos figurantes do filme que hoje reside em Ilhabela, o jornalista Edson Souza teve acesso a um álbum de fotografias raras, que revelam bastidores e curiosidades da produção cinematográfica, envolvendo grandes nomes como Cláudio Cunha, Benedito Ruy Barbosa, Canarinho, Maurício do Valle, Selma Egrei e outros talentos que fizeram parte desta importante obra. As fotos, além de ilustrar a história do filme, também contribuem para o entendimento de como o folclore de São Sebastião e a sua relação com a cidade continua a ser celebrados.
O Dia de São Sebastião não é apenas uma celebração religiosa, mas também uma manifestação cultural que une história, fé e tradições que permanecem vivas nas memórias e práticas da comunidade local. A procissão e a simbólica escolta policial do santo são apenas um reflexo de uma tradição que, como o próprio folclore, se transforma e se fortalece a cada ano, mantendo acesa a chama da devoção e do enraizamento cultural da cidade.
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